sábado, 5 de fevereiro de 2011

A prisão de não saber dizer NÃO



A dificuldade em dizer não é um padrão emocional muito comum, facilmente detectável em boa parte das pessoas. A maioria de nós, em maior ou menor grau, sente essa dificuldade.

Algumas vezes, a dificuldade aparece disfarçadamente. Vou citar um exemplo. Algumas explosões de raiva são, na verdade, uma manifestação das consequências desse padrão. Conheço uma pessoa que costuma aceitar tudo. O outro pede e ela faz e não reclama. No entanto, vai se acumulando uma insatisfação interior até que um belo dia surge uma grande reação de raiva. Nesse dia, ela consegue dizer não para a pessoa e aproveita a oportunidade para falar tudo que ficou engasgado. O resultado disso é a perda das amizades, dificuldades nos relacionamentos de trabalho e em todas as áreas.

As pessoas que têm esse padrão costumam comentar coisas do tipo "fulano é muito cara de pau, teve a capacidade de pedir isso e aquilo, e não é a primeira vez"; "eu jamais teria coragem de pedir tal coisa pra alguém". E no final perguntamos: e você atendeu ao pedido? E a reposta é sempre "ah sim, acabei fazendo, mas foi contra a minha vontade". E o discurso segue relatando o quanto esse pedido inapropriado lhe trouxe prejuízos.

É como se a pessoa dissesse interiormente "vou fazer o que estão me pedindo, mas de forma muito contrariada, vou reclamar bastante e ficar com muita raiva, comentarei com todo mundo o quanto essa pessoa é cara de pau, quem sabe ela toma consciência e para de me pedir essas coisas, não é possível que isso continue, ela deveria saber o limite, deveria ter bom senso assim como eu tenho".

Esse tipo de discurso coloca a pessoa no lugar vítima: "os outros não me respeitam, a culpa não é minha, o mundo é que deveria mudar". Um ganho secundário desse comportamento é o de ser visto como uma pessoa boa pelos outros: a explorada, a coitada, a vítima das maldades do mundo. Muita gente usa do vitimismo para obter aceitação e reconhecimento. No entanto a tendência é que as pessoas comecem a perceber esse padrão e se afastem com o tempo. Ela então precisará encontrar novos círculos para realizar o mesmo processo.

Muitas pessoas que agem dessa forma começam a se isolar como forma de evitar relacionamentos e ter que fazer coisas contra a sua vontade. Viver a vida sem colocar limites acaba levando a tristeza, ansiedade e depressão.

Conforme citei no início do texto, a dificuldade em dizer não pode estar em vários níveis, variando de pessoa para pessoa. Tem esse tipo de caso que relatei onde a se acumula raiva até explodir. Tem outros de pessoas que até dizem não na hora, mas o fazem de forma raivosa ou agressiva. É a sua defesa para esconder a insegurança que carregam. O "não" poderia ser dito de forma firme e ao mesmo tempo educada, sem qualquer tipo de desconforto por alguém que fosse mais seguro. Existe ainda aquele tipo que parece que nunca fica com raiva. É nessas pessoas que a insatisfação provocada irá causar mais intensamente quadros de depressão e ansiedade.

Comecei a refletir sobre o seguinte. De vez em quando me pego irritado quando alguém me solicita algo que não considero razoável, ou testemunho amigos comentando coisas que indicam sentimentos parecidos. Comecei, então, a desenvolver o seguinte pensamento: Qualquer um tem o direito de pedir o quiser, quando quiser, e eu tenho que estar preparado para isso aprendendo a negar e colocar os limites de forma firme e sem me alterar. Se eu fico com raiva ou irritado, sei que faz parte da minha insegurança e não adianta culpar ou falar mal do outro, pois isso seria vitimismo.

Não saber colocar limites é uma grande prisão porque ficamos dependendo do comportamento do outro para ficar em paz. É uma insanidade ficar reclamando como se os outros tivessem o dever de mudar. O que causa o sofrimento não é o pedido absurdo que alguem nos faz. Sofremos quando nós acatamos contra a nossa vontade ou quando reagimos de forma irritada. Deixe o outro ser como quiser, e aprenda a dizer não quando achar que deve. Isso sim o deixará em paz.

Outra coisa comum é que a pessoa começa a prejudicar seus relacionamentos mais íntimos pois está sempre a disposição dos pedidos de outros mais distantes. Programas são desmarcados, mudanças de planos ocorrem de última hora... Logicamente, isso causa desentendimentos familiares.

O mais interessante é que essas pessoas querem contar com compreensão da sua família; querem apoio para manter o seu comportamento subserviente com relação a terceiros. É como se dissessem "eu quero que você compreenda que eu não consigo dizer não para outras pessoas, e já que temos mais intimidade e sei que você me ama, você entenderá melhor se eu cancelar ou alterar o nosso programa pra que eu possa atender a outra solicitação. Por favor, compreenda isso e não brigue comigo, pois eu não posso contar com essa compreensão do outro lado e você sabe que tenho medo da rejeição, de não ser aceito, de perder minha imagem de bonzinho...". Os familiares ficam magoados, sentem como se todo mundo fosse mais importante e que a relação mais próxima não está sendo valorizada, por que é exatamente isso que está ocorrendo.

Por trás dessa dificuldade, podemos citar vários sentimentos negativos relativos a auto-estima: medo da rejeição, medo de não ser aceito, necessidade em ser reconhecido e valorizado. Existe uma ilusão de que agindo dessa forma a pessoa será bem vista. Mas ocorre justamente o contrário. Quanto menos damos limites, mais as pessoas nos desvalorizam. Parafraseando Gasparetto, "o mundo lhe trata como você se trata". Quem vive nesse padrão, dificilmente percebe isso e com o passar do tempo desenvolverá o discurso de que o mundo é um lugar cruel.

Quem sabe impor limites, liberta-se de muita ansiedade, acumula menos trabalho, aperfeiçoa as relações em todos os níveis, relaciona-se melhor e é mais respeitado.

Assim como qualquer outro padrão emocional negativo, podemos tratar esse tema com a *EFT (técnica para auto-limpeza emocional, veja como receber um manual gratuito no final do artigo). O caminho mais profundo para tratar essa questão é fazer a limpeza emocional de eventos que contribuíram para autoestima baixa: rejeições, perdas, culpas, mágoas e etc... Vou também sugerir uma essência floral que trabalha esse padrão: Centaury. Nesse link você poderá obter a descrição desse floral e o que ele trata:

http://www.portalsaofrancisco.com.br/alfa/florais-de-bach/centaury.php

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