sexta-feira, 15 de junho de 2018

Krishna e Radha: o amor trancendental


Filho de Vasudêva e Dêvaki, teve uma infância e uma juventude pastoral (gôpala) e a vida como um guerreiro e professor.
Foi personagem brilhante e heróico e ainda quando criança matou a terrível serpente kaliya, além de outros monstros e gigantes.
Krishna é a divindade favorita das mulheres hindus (das que o aceitam).

Radha foi amiga de infância e cônjuge de alma de Krishna e os dois foram inseparáveis como namorados e mais tarde, como amantes. Esse foi um amor escondido da sociedade, e deu a Radha o status de uma mulher casada. Eles tiveram seus momentos de amor, paixão e ódio – como qualquer casal de amantes. Krishna teve que deixar Vrindavan com Radha, para assegurar que os
ideais de verdade e justiça fossem estabelecidos, mas no processo tiveram que deixar o ideal do amor pessoal. Ele tornou-se um rei, destruiu inúmeros inimigos e casou mesmo várias vezes. E ainda assim Radha permaneceu esperando por ele até ele voltar para ela.
Seu amor por Krishna é considerado tão divino e puro que Radha por si só obteve o status de divindade, com seu nome sendo inseparavelmente ligado ao de Krishna. A maior parte das imagens de Krishna são consideradas completas quando Radha aparece ao seu lado.
Hoje são considerados o modelo tradicional de casal hindu.
Radha é a alma; Krishna é o Deus. Krishna é o shaktiman – possessor da energia – e Radha é Sua shakti – energia. Ela é a a parte feminina da cabeça do Deus. Ela é a personificação da maior amor por Deus, e por sua mercê, a alma está conectada com o serviçoe amor a Krishna.

De qualquer forma, comparada com o oceano de amor de Radha por Krishna, as outras gopis são meros rios, piscinas e baldes. Assim como o oceano é a fonte original de toda a água encontrada nos lagos e rios, similarmente o amor encontrado nas gopis, e todos os outros devotos têm em sua origem Radha sozinha. Desde que o amor de Radha é o maior, ela dá o maior prazer para Krishna.

Em Vrindavana, as pessoas são acostumadas a cantar o nome de Radha mais do que o nome de Krishna. 


Na poesia indiana, a relação de Krishna com Radha é descrita extensamente. A poesia fala dos altos e baixos de sua atração mútua e os sofrimentos da apaixonada Radha, que espera pelo amado enquanto ele flerta com as outras gopis. Seitas Krishnaíticas de caráter erótico-místico posteriores estão ligadas a este episódio, e o amor terreno foi interpretado alegoricamente de maneira variada. Radha é vista como o amor infinito formado pelo ser de Krishna. O homem participa da natureza de Krishna, a mulher da de Radha. Mostra-se aqui a influência do tantrismo, que conclui daí que o ser humano possui em seu próprio corpo tanto o masculino como o feminino. Para o praticante do Tantra masculino, a prática tântrica consiste em alcançar e vivenciar a natureza do feminino ( com o praticante do sexo feminino ocorre exatamente o inverso). A verdade do amor só pode ser experimentada no corpo, pois aquele que " realiza a verdade do corpo tem acesso a mais alta bem-aventurança" ( Muhasukha).
  A união de Radha e Krishna personifica uma " condição divina" que semelhante a um jogo (lila), leva à redescoberta da espontaneidade primordial (Sahaja). O conceito de Sahaja desempenha um grande papel nos cantos de amor indianos. Sahaja é uma atividade da alma que só se torna possível supondo-se a existência de liberdade e independência interiores. Os que amam não podem negar nada; eles têm que se entregar  por inteiro, dar tudo e ainda assim não podem depender um do outro. É um amor livre do ego, no qual a vinculação e a liberdade não são antônimos, pois o amor é totalmente livre e ao mesmo tempo escraviza. O amor secreto, ilegítimo, entre Radha e Krishna, que não se importa com todas as barreiras da ordem mundial, torna-se símbolo da união com a divindade. No místismo erótico, o amor a Deus é uma intensa experiência sentimental de unidade e do amor, inseparavelmente ligada à expressão desse amor em cada ato da vida.

Namastê

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