sábado, 18 de maio de 2013

O ho'oponopono




O ho'oponopono, processo de resolução de problemas criado no Havaí, tem ajudado milhões de pessoas ao redor do mundo a se libertar de dificuldades.

Há cerca de sete anos, um e-mail contendo um artigo de autoria do escritor americano Joe Vitale circulou por diversos países e causou euforia em boa parte das pessoas que o leram. Ele narra a história de um psicólogo havaiano chamado Dr. Ihaleakala Hew Len, que trabalhou, na década de 80, num hospital psiquiátrico do Havaí em uma ala dedicada a criminosos portadores de doenças mentais. O lugar era conhecido na região tanto pelos horrores praticados por aqueles que estavam presos – estupradores, psicopatas e assassinos – quanto por outros fatos estranhos. Dizia-se que o local era tão desolador e degradante, que nem mesmo as paredes aceitavam nova pintura. Problemas elétricos e hidráulicos aconteciam com uma frequência surpreendente, assim como a rotatividade dos funcionários. Praticamente todos os dias os presos se agrediam ou atacavam algum membro da equipe clínica, e por isso passaram a ser acorrentados pelos tornozelos e pelos pulsos e impedidos até mesmo de tomar banhos de sol.

Até que um dia, após a entrada do dr. Len, o cenário começou a mudar. As paredes foram pintadas e mantiveram as novas cores, os funcionários pararam de pedir demissão e folgas, as quadras de tênis foram reformadas e, por incrível que pareça, os detentos passaram a jogar tênis com os próprios funcionários. Muitos deles não necessitavam mais de drogas pesadas para se acalmar e outros não precisavam mais ser algemados. Com os detentos reabilitados, a ala acabou sendo fechada.

O que mais surpreende nessa história, que num primeiro momento parece ser fruto de uma mente cheia de imaginação, é o fato de o dr. Len ter trabalhado por quatro anos nesse hospital sem nunca ter tido contato direto com os detentos. Ele permanecia boa parte do tempo em sua sala, não praticava nenhum tipo de terapia e nunca atendeu nenhum dos prisioneiros em seu consultório. Como era possível, então, que aquele quadro lastimável tinha se tornado algo mais parecido com um final feliz de filme hollywoodiano? O psicólogo contou o segredo dizendo que enquanto permanecia em sua sala olhava a ficha de cada um dos presos e dizia o seguinte a elas: “Eu sinto muito. Me perdoe. Eu te amo. Eu sou grato”.


Essas quatro frases compõem uma das principais ferramentas de um processo de resolução de problemas chamado Ho’oponopono Identidade Própria. Essa palavra de origem havaiana – ho’o = causa, ponopono = perfeição – significa corrigir o que está errado, curar o que está doente ou ainda arrumar o que está de
errado..
O processo foi criado pelos xamãs havaianos, os kahunas (guardiões do segredo), e praticado somente por eles durante muito tempo. No entanto, na segunda metade do século passado, ele começou a ser divulgado na Europa, Ásia, Austrália, Américas e Oriente Médio por uma descendente dos kahunas, a lapa’au (sacerdotisa) Morrnah Nalamaku Simeona. “Morrnah adaptou o ho’oponopono tradicional para os dias de hoje. Se antes ele era conduzido por um facilitador, um dos xamãs, agora é um trabalho que se faz individualmente”, explica o engenheiro Paulo Namurra, o único representante brasileiro autorizado pela IZI (entidade criadora do ho’oponopono, com base nos Estados Unidos). Namurra é também o responsável por coordenar as inscrições e a administração dos cursos de ho’oponopono que serão ministrados este mês pela primeira vez no Brasil.


Além da repetição das frases, o ho’oponopono conta com outras ferramentas de resolução dos problemas:

Jujubas: comê-las, manuseá-las ou tê-las por perto ajuda a estar no lugar e na hora certos, onde e quando somente coisas boas podem acontecer.

Onda ou havaí: ver ou imaginar a onda e dizer ou pensar na palavra havaí (ha = respiração, wa = água, i = divindade) ajuda a manter o coração aberto para receber as respostas de Deus.

Garrafa azul: encher uma garrafa de vidro dessa tonalidade com água da torneira ou do filtro e colocá-la por uma hora à luz do Sol ou sob uma lâmpada incandescente acesa é ótimo para limpar e purificar. Pode-se beber, cozinhar, colocar no ferro de passar roupa, enxaguar-se após o banho. Só não pode ser fechada com tampa de metal.

Pipoca: funciona como um solvente da raiva que as mulheres eventualmente sentem pelos homens e da crença de que elas estão sempre erradas e eles certos. O estouro da pipoca ilumina e transforma o que é denso e pesado em algo leve e de boa qualidade. Serve de talismã e também pode ser comida.


 “Isso nada mais é do que uma faxina na nossa cabeça”, sintetiza o agente de viagens Murilo Paes, de 61 anos, que mora em Salvador. “Quando comecei a praticar o ho’oponopono, dizendo ‘te amo, sou grato’ aos problemas que surgiam, mesmo sem saber ao certo do que se tratava, eu acalmei a minha mente e coisas maravilhosas começaram a acontecer.” Ele conta que certa vez havia solicitado uma reserva em um hotel para uma cliente por quatro dias, mas por um erro no sistema ela foi feita somente para dois. Como o hotel estava lotado, a mulher teria de sair antes do tempo previsto. “Como eu não tinha o que fazer, comecei a praticar o ho’oponopono e fui me acalmando. Passado pouco tempo, o gerente do hotel me ligou e disse que tinha conseguido um quarto para minha cliente.” Coincidência? De maneira nenhuma, para quem pratica o processo.

“Eu sofria de uma dor terrível no joelho, como se agulhas o espetassem. Fui a vários médicos e fiz diversos tratamentos, mas nada adiantou. Quando descobri o ho’oponopono, comecei a dizer ao meu joelho ‘eu te amo’ repetidas vezes todos os dias. A dor desapareceu há mais de três anos”, conta a professora aposentada Mara Udler, de São Paulo.

Para a psicóloga Márcia Nelia Garcia, de Brasília, o ho’oponopono a tirou de uma profunda depressão. “Eu desejava morrer, a doença desencadeou crises de anorexia e síndrome do pânico e eu não conseguia dormir nem mesmo com o auxílio de remédios fortes. Minha terapeuta me levou à praia e juntas fizemos o ho’oponopono durante vários dias. Eu não só me curei da depressão como consegui emagrecer 34 kg em cinco meses, algo que vinha tentando por mais de 20 anos.” Difícil entender? “Ninguém nunca vai compreender o processo por meio do intelecto, do mental. O importante é começar a praticar”, avisa Mara. Ao que Murilo Paes completa: “O ho’oponopono é muito fácil de fazer e muito difícil de explicar”.

Ainda de acordo com o ho’oponopono, a explicação para essa tese se deve ao fato de que todos os problemas, as experiências, as pessoas que surgem na vida de cada um são programas, pensamentos advindos do passado que atingem a todos. São, enfim, memórias registradas na mente subconsciente de experiências remotas. “E essas memórias são compartilhadas com todas as outras pessoas. Por isso, quando se detecta algo de ruim em alguém, é porque isso está em você”, explica o dr. Len. O processo deve ser, portanto, também praticado para purificar a mente das outras pessoas dizendo eu sinto muito, me perdoe, eu te amo, eu sou grato. “Quando se faz isso, o outro é purificado e os problemas o abandonam também.” Para o engenheiro Paulo Namurra, o ho’oponopono pode-se resumir da seguinte forma: “Ter amor e gratidão a tudo”. Agora, é só começar a praticar.

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